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março 11, 2010

Um Amigo


Ando sensível demais, as vezes acho que vou morrer, como se essas coisas de perceber a vida desse modo fosse uma coisa que a gente só aprendesse quando já está no limiar da vida, sei que isso é besteira que não vou morrer agora ou vou e que não estou vendo as coisa de outro viés, mas as vezes umas coisas me tocam de forma estranha, sinto saudade de umas coisas como por exemplo hoje, to morrendo de saudade da Clarissa do Erico, de Musica ao Longe pra ser mais especifica, foi o primeiro livro dele que li, acho que estou com saudade do Erico, do jeito que aprendi a ler, agora é tudo muito sem uma continuidade, quando eu o conheci já tinha passado por muitos outros autores, ninguém falava comigo como ele e ninguém fazia uma coisa comum, de cidade de interior, de menina formada em escola de freiras ser tão bonita, ninguém me dizia que era possível gostar de coisas pequenas e simples.

Estou com saudade do Erico Veríssimo porque essa semana alguém me lembrou que ele ainda está la, com a Carissa, Vasco, Olivia, Bibiana, sei lá saudade daquela época em que eu vivia dentro de um mundo que nada tinha a ver comigo, mas era mais eu do que qualquer coisa. Tenho saudade das coisas que gostava e que agora já não tenho muito tempo de fazer, de procurar, tenho saudade das coisas que eu fui e vem dai minha sensibilidade nesses dias dessa saudade das coisas que já são minhas e que me tomaram, sensibilidade dolorosa pra coisas que são do dia a dia e que não podem ser alteradas e quem nem sempre todo mundo percebe.






"O MEU AMIGO mais íntimo é o sujeito que vejo todas as manhãs no espelho do quarto de banho, à hora onírica em que passo pelo rosto o aparelho de barbear. Estabelecemos diálogos mudos, numa linguagem misteriosa feita de imagens, ecos de vozes, alheias ou nossas, antigas ou recentes, relâmpagos súbitos que iluminam faces e fatos remotos ou próximos, nos corredores do passado - e às vezes, inexplicavelmente, do futuro - enfim, uma conversa que, quando analisamos os sonhos da noite, parece processar-se fora do tempo e do espaço. Surpreendo-me quase sempre em perfeito acordo com o que o Outro diz e pensa. Sinto, no entanto, um pálido e acanhado desconforto por saber que existe no mundo alguém que conhece tão bem os meus segredos e fraquezas, uns olhos assim tão familiarizados com a minha nudez de corpo e espírito. Talvez seja por isso que com certa freqüência entramos em conflito. Mas a ridícula e bela verdade é que no fundo, bem feitas as contas, nós nos queremos um grande bem. Estamos habituados um ao outro. Envelhecemos juntos. A face do Outro é o meu calendário implacável.""solo de clarineta" - erico verissimo"





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