Me visitam

julho 04, 2016

Faz tempo, eu sei, mas é que ha algo de muito ruim acontecendo, acho que cresci, despertei da pueril inocência que me mantinha distante da realidade, a internet de hoje conta a historia de uma bagda com uma centena de mortes em nome de nada, conta também a historia de alguém que denuncia coisas absurdas sumindo, ninguém diz nada, todos ja  esperávamos essas noticias.
eu tento fingir que esta tudo bem, se eu conseguir continuar comprando coisas então o mundo esta no seu lugar, não foi esse o combinado, eu sei, mas e que parece uma daquelas pestes de antes, a grande guerra ou qualquer coisa que a historia fez parecer ok porque teve seu lado positivo.
 eu tenho um cachorro e me sinto satisfeita com a reciprocidade de seu amor, para o meus iguais não demonstro qualquer sentimento, pois isso denotara fraqueza, as pessoas estão morrendo por escolhas que não fizeram, mas assumiram, as crianças estão sendo alvejadas na cabeça, ja é literal a tentativa de matar o pensamento, as meninas são vendidas como produto de exportação, tudo vai mal.
disseram outro dia que é pra eu ter calma, que não ta tão ruim assim, afinal a diferença e que agora ficamos sabendo de tudo, o problemas é essa inercia,minha, diante de fatos que deveriam ser chocantes, não são, so fico preocupada se ainda poderei comprar na próxima liquidação as coisas que não preciso mas que seria um crime não levar por conta do desconto.
acordar e dormir, eu sei das coisas que acontecem, eu jamais poderei dizer que não sabia do frio e da fome, eu vejo, eu tento virar o rosto, mas do outro lado tem mais, tem uma guerra acontecendo na minha cara, crianças negras morrem por serem negras, eu ouço os helicópteros eu vejo as viaturas, o barulho dos tiros adentram meus sonhos, mas lá e festa de São Joao. ainda assim, eu so continuo pra poder pagar o aluguel.
eu fico um pouco triste, não vou negar, ninguem para pra conversar sobre uma possivel solução, estamos todos olhando pro abismo, o mais corajoso vai se atirar primeiro, as vezes eu preciso de um abraço, não tem ninguem aqui, voce esta certo em se afastar, estou me afogando e voce não sobreviveria se tentasse me salvar, as vezes acho que ja morri.

Eu preciso escrever, porque  por mais que voce negue minha condição de silenciada é assim que eu me sinto, eu não sei aonde vai levar toda essa dor, sinto que sou castigada por ser eu mesma, por agir como qualquer pessoa agiria diante da indiferença e do desprezo,  todos os meus sentimentos são reduzidos a sintomas de uma uma doença que me faz menos humana, mais monstruosa e capaz de maldades indizíveis.
Quando me vejo implorando perco toda fé na vida, quando me vejo implorando sinto como se não devesse mais existir, que tipo de ser precisa tanto de amparo a ponto de temer a si mesmo, de abrir mão do que é pra que seja, mais uma vez, abandonado por aquele que ama? Que tipo de ser aceita amar sozinho? Quem disse que esperar afeto de alguém próximo é abusivo, quem disse que pensar em si mesmo te obriga a ser cruel com o outro, quem disse que aceitar crueldade e tortura é um ato de força? Só vejo fraqueza em mim,  não há mais nada que possa tirar daqui, me envergonho do eu sou, porque parece que o que eu sou so faz mal a quem amo. Não quero mais ser eu, mas não sei ser outra, não sei, nao se aprende assim a deixar o passado que te moldou,  não se aprende assim a secar as feridas e maquia-las  pra que ninguém tenha que carregar contigo esse peso. Não conheço quem tenha seguido sozinho sem precisar de  um braço, não quero ser a pessoa que implora, mas não quero ser a pessoa que fica só por não ser possível estar perto. Eu sou uma pessoa, é preciso saber sempre disso, que gosta de algumas coisas, que detesta outras, que faz associação de situações antigas as presentes, por que é assim que funciona nosso julgamento, eu posso ser racional e me esforçar,  mas não sempre, não posso podar minha impulsividade sempre,  a não ser que seja um robô programado pra isso. Eu sinto isso quando pergunto o que tenho que fazer pra que você fique, eu posso  programar, não ser mais nada, ser uma peça decorativa naquele canto, eu não quero viver assim, mas não suporto a ideia de ficar sozinha,  eu tenho medo. Eu sinto que estou sendo castigada muito desproporcionalmente, eu não entendo porquê, eu fico imaginando e me ferindo por ter feito alguma coisa, mas na verdade ainda não materializei a atitude condizente com a minha pena, eu estou muito cansada e envergonhada  do que sou, ninguém devia se envergonhar do que é, eu não gosto mais de viver, nem sei se há cura pra isso, eu me sinto sob tortura. Um pedaço de carne pisoteado que nao serve pra mais nada. Eu sinto que nao sou mais amada por você,  que estamos  a km de distância e que fui facilmente substituída, descartada como as coisas são, por ser gente, por reagir, por sentir desconforto, por ter problemas, por não ser mais útil, so queria poder dizer que estou sendo machucada, eu sangro, como qualquer outra pessoas, sem manipulação, sem teatro, eu sangro o tempo inteiro. Eu nunca pensei em você como meu alicerce,  eu nunca contei com voce pra me tirar do fundo poço,  você sempre foi claro quanto a não estar disposta a fazer isso por mim, qualquer ser humano precisa de mais do que alguém pra dividir as despesas, um abraço na hora da dor, mesmo que a dor seja exagero,  um elogio pra seguir a vida, eu sempre soube que sua mala estava pronta, mas eu nunca estive pronta, eu so queria a ilusão de família,  esse amor que eu imaginei ter obrigatoriedade consanguinidade, esse era o único amor que me achei capaz de conseguir, mas nem esse, que espécie de pessoa devo ser. Eu nunca esperei de voce mais do que sua presença de humor flutuante,  era o bastante, mas fui ficando pequena e pequena porque era assim que voce demonstrava que me via. É tudo tão violento, eu devo ter te machucado tantas vezes, mas eu  nao sei se voce percebe que eu sou de carne e osso também. Eu estou tão cansada.