Nós éramos perfeitos um para o outro naquele período de tempo, nós esperávamos encontrar exatamente pessoas como nós, correspondiamos a todas as expectativas que criamos, eu procurava um príncipe, ele procurava a próxima, ele não era o príncipe, eu já não era a próxima, seguíamos juntos pra um lugar que a qualquer momento nos separaria, mas estávamos fazendo bem um ao outro até chegarmos lá.
Nós inocentemente acreditávamos que tínhamos maturidade suficiente pra saber quando parar, éramos bastante racionais para desligar-mo-nos daquilo de uma hora para outra, pobres de nós, que já estávamos extremamente ligados aquilo, enraizados até a alma em um sentimento livre, contraditório e cheio de ilusão.
Nessa busca pela próxima que um dia seria perfeita seguia ele, eu nessa espera de um rapaz montando um cavalo deixava o tempo correr, a próxima veio muitas vezes e nunca chegou a ser a escolhida, o príncipe declarou-se de repente mas lhe faltava majestade.
A tentativa de um relacionamento a la Sartre e Simone de Beauvoir saiu exatamente como era previsto, a quem diga que Simone tinha ataques de ciumes que não eram confessados devido ao seu comprometimento com a razão, nem ela e todo seu feminismo aguentou, nossa maturidade para manter um relacionamento aberto era testada todos os dias quando me acordava e olhava no espelho, a questão era, quem eu esta querendo enganar?
Um dia sem avisar, alguém toma a iniciativa e revela o que realmente esta sentindo, alguém se sentido a ultima das pessoas a mais quadrada de todas admite que não esta acostumado aquela situação, que não pode mais, alguém que realmente sabe que jamais será um príncipe, alguém que não quer mais saber próxima, alguém admite.
Eu jamais ficaria com um príncipe, eles eram chatos e tedioso, eles jamais me ligariam no meio da madruga pra perguntar se eu já estava dormindo, ou não conversaria sobre futebol comigo, um príncipe nunca teria crises existências e pediria pra que segurasse sua mão quando estivesse com medo, ou me faria sair de casa em noites de chuvas pra vê-lo trabalhar até de madrugada e leva-lo pra casa quando estivesse cansado, um príncipe jamais me falaria de seus antigos amores e nem chegaria em casa e sentaria no chão da sala pra arrumar meu álbum de fotografias, jamais viajaria 90 km pra dormir comigo quando estivesse gripada, não me contaria estorias engraçadas de sua adolescencia pervertida, um príncipe não tem cheiro de suor, nem deixa a tampa do vaso levantada, um príncipe não dá vexame em publico nem se atrapalharia pra me apresentar para os amigos, um príncipe não é humano, não beija quentinho e dorme em conchinha em dia de frio, ele jamais me olharia a metros de distancia e falaria o que quisesse e me faria entender entender.
Eu não procurava um príncipe, eu era a próxima, e tudo deu errado.
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