Me visitam

junho 13, 2010



"Sentado ali, bebendo, considerei a opção do suicídio, mas me senti estranhamente apaixonado pelo meu corpo, pela minha vida. Apesar das cicatrizes que marcavam meu corpo e minha existência, ambos eram propriedades minhas. Eu podia me levantar agora e sorrir com escárnio para meu reflexo no espelho da cômoda: se você tem que ir, que leve ao menos uns oito junto, uns dez, uns vinte...Era uma noite de dezembro, um sábado. Estava no meu quarto e tinha bebido muito mais que o de costume, acendendo um cigarro no outro, pensando nas garotas e na cidade e nos empregos e nos anos que ainda viriam. Olhando para o devir, eu gostava muito pouco do que via. Eu não era um misantropo ou um misógino, mas gostava de estar sozinho. Era bom estar solitário num lugarzinho, sentado, fumando e bebendo. Sempre tinha sido uma boa companhia para mim mesmo."


Existe uma certa magia em estar vivo, mesmo quando tudo vai muito mal, mesmo nos momentos em que meus conflitos internos já estão me tirando o sono, quando minha janela pede que me atire do quinto andar, existe uma curiosidade por essa magia, que me faz resistir, pra saber o que virá amanha e me fará novamente questionar essas coisas todas, pra saber se ainda temos chance quando acredito que fracassamos todos nessa nossa tarefa de viver.

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