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maio 14, 2011


A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subsequente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.

Um comentário:

Doney disse...

As postagens do seu blog são muito boas, senhorita.
Não dá pra ficar sempre parabenizando (até isto enjoa), mas saiba então que sempre me sinto bem quando entro cá por estas plagas.
Há muita e muita merda na net, por isso não fico zapeando por blogs pessoais (frequento muito os de notícias), pois acabaria desperdiçando um tempo que infelizmente não tenho – não dá pra atender tantos interesses. Com tal visão, visito poucos e que bom que acabei, sem praticamente procurar, o seu blog, pois ele vale muito a pena.
Meus sinceros parabéns, portanto.

Forte abraço, fica em paz.