Me visitam

julho 18, 2011


Tem um conto do Borges, em que ele diz que escrevendo aquela história como ficção ele se livra da loucura de te-la vivido, penso que minha vida precisa ser urgentemente expurgada de minha demência, falo de demência real, do ponto onde me encontro, em que já não sei se caio no mundo da minha fantasia ou continuo nesse entre mundos que estou hoje, tem dias em que sou absorvida pela realidade e ela é exatamente o que me remete a loucura, quando fico muito lúcida me machuco profundamente.
Tento escrever pra poder olhar de fora, isso que atormenta calado exclusivamente a mim, é preciso só um pouco de silencio e aquilo que comanda minha vida toma posse do que sou, minhas dúvidas, frustrações, questionamentos, a realidade me incomoda, quando ando por ai posso viver a fantasia de ter outra vida, quando fico só, comigo mesma as coisas mudam de figura e tenho medo.
Borges tem um encontro consigo mesmo muitos anos mais moço, não define muito bem quem tem mais medo se o menino ou o velho, se encontrar na mesma idade com outro voce também pode ser chocante e isso pode acontecer diariamente, basta deitar minha cabeça no travesseiro, absorto em pensamentos e lucido quanto mais lucida uma pessoa se torna mais perto da loucura ela se encontra.




Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?

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