Me visitam
setembro 29, 2011
Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”,feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.
Outra terapia começando hoje, entre tantas, essa já não me assustou tanto de início, é sempre a mesma dica, é sempre o mesmo diagnostico, sempre sou eu quem tem que resolver esse problema. Eu comecei escrever o blog para aprender a descrever fatos, ele acabou servindo de escape para minha tristeza muleta, hoje ja uso mais para descarregar minha fantasia, tantas vezes confusa e esquizofrenica, não sei onde todas essas coisas vão me levar, nem sei se sairei daqui algum dia, mas tem horas em que é difícil tirar toda a sujeira que está debaixo do meu tapete.
Eu minto para o meu terapeuta, talvez nem seja mentira, eu omito fatos que mudariam completamente a visão dele do meu "problema", eu omito coisas de mim mesma, coisas que fazem eu ser que eu sou, eu não acredito na minha "cura". Hoje diante de todas as coisas que contei, todos os sintomas que descrevi, toda a vida que narrei, a única recomendação que trouxe para casa foi a de que eu devia aprender a RESPIRAR, sim respirar, eu esqueço de respirar, eu falo e vivo sempre parecendo que vai me faltar tempo ou fôlego, eu sempre me apavoro, de olhos fechados eu vejo um mundo que não existe e que sempre está pronto para cair sobre mim.
Talvez, esteja exatamente ai toda a questão pratica da minha vida, as coisas básicas e fisiológicas as quais eu não dou devida importância estão saindo do meu controle, viver um amor, realizar um grande sonho, fazer grandes coisas que nem sei quais são, estão tomando uma energia desnecessária, quando respirar é algo que não poderia viver sem e faço errado, ando triste comigo, ando triste com a minha vida, mas preciso aprender a fazer o mínimo para continuar, porque afinal já passou tempo demais e existe sempre aquela curiosidade, de saber até onde eu aguento, até quando eu respiro, ate quando vão julgar a dor alheia sem jamais poder quantifica-la.
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