Me visitam

maio 03, 2012

 "Fiquei me perguntando se o espaço que uma pessoa ocupa no mundo sobrevive à própria pessoa. Se o palco fica ali armado ainda por um certo tempo, o cenário pronto, a deixa repetida várias vezes, aguardando que a pessoa venha mais uma vez desempenhar-se. E só aos poucos as conexões vão se desfazendo, os fios vão se rompendo, as luzes vão se apagando, a pessoa vai morrendo devagar para o mundo depois de ter morrido para si mesma. Se existem duas mortes, uma íntima e individual, uma outra pública e coletiva, duas mortes que operam em ritmos diferentes."





O corpo tem necessidades que a alma não suporta, a gente faz coisas que não está moralmente preparado, para suprir tais necessidades, quando tento romper com essas barreiras acabo sangrando. Minha alma cheia de certezas se achava desprendida e liberta, mas não suporta um palavra dura, uma verdade crua, minha alma bailarina só acredita na musica, não julgo a vida alheia mas minha alma priva meu corpo da sua natureza.
Tento me enganar, fingir que essa solidão tem a ver com as novas configurações da sociedade, tento me convencer  que me falta tempo, mas é mentira, eu quero uma coisa vinda de outras vidas, ou pelo menos alguém que tenha lido os mesmos livros que eu, quero o frio na barriga, coração acelerado, quero reciprocidade, não dá mais para aturar a realidade vazia.
Não posso negar minha natureza animal, não posso abrir mão de agir por impulso, mas tem coisas que não andam pra mim se não forem  sensoriais, se não fizerem parte da ilusão que criei, se não tiver cores. O tempo vai passar e um dia quem sabe eu descubra a verdade, quem sabe o arrependimento me tome, eu veja de longe que passaram por mim criaturas que me fariam mais feliz do eu pensei que seria dispensando suas companhias, um dia quem sabe a solidão me obrigue a abrir mão dos meus ideais, eu perceba que eles não fariam tanta diferença  quanto eu pensava e ai será tarde demais.
A gente tem obsessões por coisas que rejeita, a gente enlouquece sozinho em casa quando ninguém vê, somos odiados por nossos nãos, somos julgado pelos sim, ninguém conhece nossos segredos, mas o que mais doi em tudo isso e saber que não aceitamos a nos mesmos, que quando olhamos no espelho somos os primeiros nos ferir, é preciso harmonizar o corpo e alma, e dançar conforme a musica

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