Me visitam

junho 27, 2013

Você vai me reconhecer, estarei me movimentando do mesmo jeito que você, a gente se reconhece de imediato no outro, quando percebe que ele também não cabe no próprio corpo, de alguma forma escondemos  uma alma inchada, escorregadia, que balança dentro dessa coisa morta que nos carrega por ai.
Você sabe que eu também não estou aqui, que dentro de mim tem um universo multi colorido, um refugio convidativo que bloqueia a vida, eis minha contradição.
Eu penso que um dia vou acordar e perceber que o tempo passou de repente, e que sentei no meio do caminho, não deixei ele me levar, um dia vou acordar e querer dormir novamente, pra esquecer o breve instante que é a vida, se houver depois ele vem carregado de arrependimentos muito provavelmente, mas ninguém inventou um manual.
Ninguém consegue me convencer que é ruim me proteger, mas sei exatamente a sensação que há em estar em perigo, ninguém pode me dizer quanto estou perdendo quando já perdi tanto resignada, o que pulsa ainda está longe, numa fortaleza, não salva-se-á, mas estará intacto sem rachadoras quando tudo acabar.
De todo jeito não é  de todo mal ser assim, é tenso, mas é calmo, não doí sempre, existe uma ilusão de que tudo vai bem, é preciso ter fé de que esse despertar nunca venha, que não haja depois questionando o que era vida, apropriar-se do nada e dele fazer minha casa.

Tenho as opiniões desmentidas, as crenças mais diversas - É que nunca penso nem falo nem ajo... Pensa, fala, age por mim sempre um sonho qualquer meu em que me encarno no momento. 
Vem a fala e falo-eu-outro. De meu, só sinto uma incapacidade enorme, um vácuo imenso, uma incompetência ante tudo o que é a vida. Não sei os gestos a acto nenhum real. 
Nunca aprendi a existir. 

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