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abril 24, 2012

No fim, o Partido anunciaria que dois e dois são cinco, e todos teriam que acreditar. Era inevitável que o proclamasse mais cedo ou mais tarde: exigia-o a lógica de sua posição. Sua filosofia negava tacitamente não apenas a validez da experiência como a própria existência da realidade externa. O bom senso era a heresia das heresias. E o que mais aterrorizava não era que matassem o cidadão por pensar diferente, mas a possibilidade de terem razão. Por que, afinal de contas, como sabemos que dois e dois são quatro? Ou que existe a lei da gravidade? Ou que o passado é inaterável? Se tanto o passado como o mundo externo só existem na mente, e se a mente em si é controlável… então?

2 comentários:

Doney disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Doney disse...

Se George Orwell fosse vivo nos dias de hoje, poderia escrever o mesmo livro, só lhe seria necessário alterar uma única palavra: trocar "partido" por "imprensa".
O duplipensar é o mesmo.