No fim, o Partido anunciaria que dois e dois são cinco, e todos teriam
que acreditar. Era inevitável que o proclamasse mais cedo ou mais tarde:
exigia-o a lógica de sua posição. Sua filosofia negava tacitamente não
apenas a validez da experiência como a própria existência da realidade
externa. O bom senso era a heresia das heresias. E o que mais
aterrorizava não era que matassem o cidadão por pensar diferente, mas a
possibilidade de terem razão. Por que, afinal de contas, como sabemos
que dois e dois são quatro? Ou que existe a lei da gravidade? Ou que o
passado é inaterável? Se tanto o passado como o mundo externo só existem
na mente, e se a mente em si é controlável… então?
2 comentários:
Se George Orwell fosse vivo nos dias de hoje, poderia escrever o mesmo livro, só lhe seria necessário alterar uma única palavra: trocar "partido" por "imprensa".
O duplipensar é o mesmo.
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