“Com franqueza, não me animo a dizer que você não vá.
Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o
sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos da
vagabundagem, eu não direi que fique.
Em minhas andanças, eu quase nunca soube se estava fugindo de alguma
coisa ou caçando outra. Você talvez esteja fugindo de si mesma, e a si
mesma caçando; nesta brincadeira boba passamos todos, os inquietos, a
maior parte da vida — e às vezes reparamos que é ela que se vai, está
sempre indo, e nós (às vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados,
ficando. Assim estou eu. E não é sem melancolia que me preparo para ver
você sumir na curva do rio — você que não chegou a entrar na minha vida,
que não pisou na minha barranca, mas, por um instante, deu um movimento
mais alegre à corrente, mais brilho às espumas e mais doçura ao
murmúrio das águas. Foi um belo momento, que resultou triste, mas
passou.”
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