Me visitam

setembro 02, 2017

Os ciclos de violência nunca acabam, eu luto e luto, mas  parece que eles apenas se repetem num looping infinito de dor. Eu nao compreendo as pessoas que amo, acredito sempre que elas estão precisando de ajuda, mas elas nao querem que eu seja sua salvadora. Eu sinto a sua dor e vejo que estao imergindo, mas elas nao querem que eu as toque. Qual minha contribuição no seu afogamento? As pessoas que amo se machucam, me machucam e estão cegas para sua propria força de agressão.   As pessoas que amo,  amam apenas aqueles que sao incapazes de amar. Acreditam que violência ė sinônimo de amor, acreditam que uma jaula é o lugar mais seguro aonde podem estar. As pessoas que amo nao conseguem se ver sucumbindo ao abuso, ao controle, ao egoísmo romantizado do outro. As pessoas que eu amo nao acreditam no meu amor egoista, controlador e desajustado, elas apontam os erros do outros em mim, mas escolhem nao ouvir o que eu tenho a dizer. As pessoas que eu amo amam aqueles que me odeiam, lidamos muito mal com isso desde sempre, as pessoas que eu amo me machucam quando estao feridas e nao conseguimos nos ajudar em nossa  cura. As pessoas que eu amo parecem nao ver que eu lutei todos os dias da minha vida pra fugir violência e da escuridão,  nao reconhecem que para isso eu construi sozinha minha casa, minha família, minha fortaleza, e apesar disso as pessoas  que eu amo insistem em estar com gente tao pequena que tenta a todo custo menosprezar cada uma das minha batalhas. Esse desprezo não afeta as pessoas que eu amo, acho que  em algum ponto elas nunca enxergarao quem eu sou e o que eu fiz, mas eu fui foda porque eu não so sobrevivi, eu transformei meu mundo. A violência volta sempre a nossa vida  porque fomos marcados por ela, mas nao me canso de lutar. Aos violentos e as violência só posso mostrar meus punhos cerrados.

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