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março 05, 2018





Lembro que na escola, na quinta serie do ginásio, estávamos ensaiando uma roda de capoeira para uma apresentação do dia do folclore, as palmas deviam ser ritmadas de acordo com o som do berimbau, crianças de dez anos de idade que viviam em uma comunidade ucraniana de maioria branca e católica  não eram exatamente as mais performáticas representando a cultura afrobrasileira, mas até ai tudo bem, acontece que essas crianças resolveram rir e excluir aqueles que eles acreditavam estar destoando das batidas da apresentação, lá estava eu, com minhas mão emudecidas diante de risos e reclamações de atraso da conclusão do "espetáculo".
 A vida sempre foi assim, ninguém olha e diz: é você, todo mundo parece que tem que cavar fundo pra me dar um crédito, e acostumei a seguir no ritmo sem ouvidos dispostos a ouvir, nesse dia uma das  professoras percebeu minha que insistência estava correta, que eles deveriam seguir minhas mão para entrar no caminho, nesse dia eu não desisti e não desacreditei da minha cadencia da exclusão surgi como referencia. 
No entanto, os  dias seguem, e vejo mais e mais olhos de dúvida, olhos de desconfiança, e isso está muito mais relacionado como o mundo em que vivo do que com quem realmente eu sou, hoje já não tenho dez anos, não acho mais que é um equivoco auditivo quando não conseguem me escutar, acho muito mais que é puro silenciamento, e foi sempre assim de alguma forma, hoje eu já não consigo me esforçar todos os dias para acreditar na minha harmonia, porque não sei se tenho força pra continuar.
A vida é um eterna quinta série, infelizmente pra mim.

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