Me visitam

agosto 30, 2025

 Quando eu criança não tinha acesso a muitos livros, não que isso seja um grande drama, acho que na época essa era a realidade da maioria das pessoas desse país subdesenvolvido. Lembro que recebia gibis(dos Flinstones??), minha mãe lia alguma coisa pra mim, mas nada de estantes com livros ou coisa do tipo. Quando fui alfabetizada o acesso a leitura ainda era restrito, as vezes, nas tardes em que minhas tias marcavam encontros com algum namoradinho, elas me levavam até a casa da cultura se nossa cidade e me ocupavam me entretendo com os diversos contos de fada da coleção Disney que tinha por lá. Aquele era um lugar mágico pra mim, uma casa de madeira, com cheiro de madeira, com barulho de madeira, com tapetes e almofadas e livros de todos os tipos que ficavam a minha disposição enquanto esperava que a jornada romântica de meninas de 15 ou 16 anos chegasse ao fim. No dia a dia, em casa, a única coisa que saciava minha fome de leitura eram livros didáticos antigos que pertenceram as essas mesmas tias e que talvez um dia eu tivesse que usar na colégio que frequentava, geralmente os textos escolhidos para esses livros são pequenos fragmentos de alguma literatura ou uma crônica qualquer e foi por isso que talvez minhas primeiras leituras tenham sido textos do Veríssimo. Hoje Veríssimo se foi, eu chorei um pouquinho, não só por causa da morte dele, mas porque  ela me lembrou daquela menina que eu era, a menina que se sentia íntima da família Veríssimo e que hoje não entende bem quem se tornou. 

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