Me visitam

agosto 20, 2008

O HOTEL


Da minha janela posso ver o Hotel e sua movimentação, gosto desse voyerismo, de ficar imaginando o que cada pessoa que passa por ele traz, de onde elas vem, qual a razão da sua chegada.
Da minha janela avisto todas as janelas do Hotel, em cada uma delas há uma vida diferente, há uma esperança com relação a esta cidade, perco horas na minha janela a ver as janelas do Hotel.
Vejo a sensação de abandono por estar longe de casa que todos trazem no olhar,  no Hotel tudo é tão vazio, é tudo tão distante, quantas vidas não se questionaram nos seus quartos, quantos amores já choraram almas viajantes, quantas pessoas deitaram suas consciências naqueles travesseiros, aquele espelho deve conhecer cada rosto diferente, a vida no Hotel é tão passageira, como a nossa.
Ouvi dizer que ou se viaja para buscar ou se viaja pra fugir,  fico a imaginar o que buscam esse peregrinos engravatados, essas damas solitárias, esses aventureiros de pastas na mão, de que fogem esses meninos idealistas, essas crianças bem crescidas, esses velhinhos de olhos doces, o que busco eu nessa vida a observar o Hotel, de que fujo eu a me refugiar nas impressões que me causa o Hotel.
Na verdade ele sabe que carrega as saudades alheias, ele carrega expectativas, ele traz esperança de um dia voltar, ele não é pra sempre assim como nós, ele é consciente porque ele mesmo faz a cama de seus hóspedes.



"Bem-vindo ao Hotel Califórnia,
Que lugar encantador,
Que rosto encantador.
Vários quartos no Hotel Califórnia,
Qualquer época do ano,
você pode encontrar aqui."

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