Me visitam
março 30, 2012
“Respiro a única felicidade que sou capaz - uma consciência atenciosa e cordial. Passeio o dia todo(…) cada ser que encontro, cada cheiro dessa rua, tudo é pretexto para amar sem medida. Jovens mulheres supervisionam uma colônia de férias, a trombeta do vendedor de sorvetes, as barracas de frutas, melancias vermelhas com caroços negros, uvas translúcidas e meladas - tantos apoios para quem não sabe ser só. Mas a flauta ácida e terna das cigarras, o perfume de águas e de estrelas que se encontram nas noites de setembro, os caminhos aromáticos entre as árvores de pistache e os juncos. Tantos sinais de amor para quem é forçado a ser só.”
março 24, 2012
Sabe o que eu mais amo na dança, é o poder que ela tem de anular completamnte o nosso corpo, não anular no sentindo literal da palavra, mas anular todos os nossos medos, as rejeições, nossa culpa, todas a neuras que um corpo trás consigo, não se olha o corpo da uma bailarina como se olha o de uma mulher nua em uma revista, as malhas por mais coladas que sejam não nos causam qualquer desconforto, a dança nos absolve dessas paranoias, a dança nos liberta do sexo, da sexualidade, da vergonha, ela é a verdadeira beleza sem pudor.
Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada!
março 21, 2012
“Saber que a gente gosta disso e gosta daquilo é fácil. O difícil é saber qual, dentre todas, é aquela de que a gente gosta supremamente. Pois, por causa dela, todas as outras terão de ser abandonadas. A isso que se dá o nome de “vocação”; que vem do latim, vocare, que quer dizer “chamar”. É um chamado, que vem de dentro da gente, o sentimento de que existe alguma coisa bela, bonita e verdadeira à qual a gente deseja entregar a vida.”
março 20, 2012
março 19, 2012
“É preciso respirar, tomar ar, esquecer por um instante o tumulto. Porque ela tem vontade às vezes de abraçar toda a gente, de ser boa para com todos […]. Um desejo de falar com todos, de perguntar coisas, muitas, muitas coisas, de fazer que os outros lhe contem, sem omitir um pontinho, todo o mistério da vida, todos os segredos das criaturas.”
março 17, 2012
Na verdade é muito estranho pensar que não há mais ninguém, que não tem mais aquela pessoa pra quem endereçar a mesma carta, é estranho pensar que já houve tanta coisa, e que agora nem mesmo a lembrança doí, não sei se foi o tempo, porque no fundo foi tão pouco que passou, talvez a realidade, a mudanças do astros, qualquer coisa levou um sentimento forte embora e nem a lembrança dele deixou, é estranho não amar mais uma pessoa, nem por um segundo sofrer por ela não estar mais aqui, não entender os sentimento do Caio, não repetir a mesma musica um milhão de vezes, nem se quer ter esperança, é estanho não ter esperança e mesmo assim continuar.
“Estava sendo triste, mas ela parecia acostumada. Acostumada e fria, porque depois de tantas lágrimas, ela finalmente parecia ter secado.”
março 16, 2012
“- Entao, agora tem tudo de que necessita?
- Não, Hermínia, não é bem assim. Tenho algo maravilhoso e encantador, uma grande alegria, um adorável consolo. Sou realmente feliz…
- Então, que quer mais?
- Quero mais. Não estou satisfeito em ser feliz, não fui criado para iso, não é este o meu destino. Meu destino é exatamente o contrário.
- Ser infeliz? Mas isso você era antes, quando não queria voltar para casa com medo da navalha.
- Não, Hermínia, é algo mais. Àquela época, concordo, eu era muito infeliz. Mas tratava-se de uma infelicidade idiota que não conduzia a nada.
- Por quê?
- Porque eu não devia sentir medo da morte se ao mesmo tempo a desejava. A infelicidade de que necessito e por que anseio é diferente: é uma infelicidade que me permitiria sofrer com ânsia e morrer com prazer. Essa é a infelicidade, ou felicidade, por que anseio.
- Compreendo. Nisso somos iguais. Mas que tem contra a felicidade que encontrou agora, com Maria? Por que não está contente?
- Não tenho nada contra essa felicidade. Oh, não! Gosto de Maria. Estou satisfeito com ela. É maravilhosa como um dia de sol em meio à um verão chuvoso. Mas sinto que isso não pode durar. Além do mais, trata-se de uma felicidade infrutífera. Dá satisfação, mas a satisfação não é alimento para mim. Faz adormecer o lobo da estepe, torna-o dócil. Mas não é uma felicidade pela qual se possa morrer.
- Mas é preciso morrer por alguma coisa, Lobo da Estepe?
- Creio que sim! Minha felicidade enche-me de contentamento e posso suportá-la ainda por algum tempo. Mas quando a felicidade me permite um pouco de reflexão, aí meu desejo não é de mantê-la para sempre, mas antes voltar a sofrer, só que de maneira mais bela e menos lamentável do que antes. Anseio por uma dor que me prepare e me faça desejar a morte…” O Lobo da Estepe.
março 15, 2012
“Observe o seu cão: como está sossegado e bem disposto. Milhares de cães morreram antes que este nascesse. Mas o seu desaparecimento não perturbou absolutamente nada a idéia do cão: esta idéia não foi de modo nenhum obscurecida pela morte. Eis o motivo por que o seu cão se encontra tão fresco, tão cheio de força como se fosse este o seu primeiro dia, e como se não devesse ter fim; através dos seus olhos brilha o princípio indestrutível que está nele, o archœus. Que foi, pois, que a morte destruiu em tantos milhares de anos? Não foi o cão, ele está aí sem ter sofrido dano algum; foi a sua sombra, a sua figura, que a fraqueza do nosso entendimento não pode discernir senão no tempo.” As Dores do Mundo.
março 14, 2012
março 13, 2012
março 11, 2012
março 08, 2012
“Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim. Não é agradavél a minha história, não é suave e harmoniosa como as histórias inventadas; ‘ela se assemelha’ a insensatez e a confusão, a loucura e sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mais mentir a si mesmos.”
E acaba a história, o que sobra ainda são as duvidas não sanadas, o que sobra sou eu que não conhecia essa outra face, diferente de tudo que imaginei ser, nem lembro do que fui, nem quero descobrir o que serei.
Que a pena não me impeça de ver o que há de errado, que a raiva não me cegue pro que é certo, que não me iluda no amor, que eu não espere por ele eternamente. Quando descobrir dentro de mim todas as possibilidades, toda a força e encontrar o que preciso, que saiba dividir com outros o meu tesouro, que queira estar com outros para compartilhar com eles minhas vitórias e segurar suas mãos nas suas derrotas, que queira ainda ter um ombro para me apoiar, que saiba ser um ombro para dar apoio, mesmo sabendo que o que eu preciso buscarei dentro de mim.
março 07, 2012
“Como explicar que o homem, um animal tão predominantemente construtivo, seja tão apaixonadamente propenso à destruição? Talvez porque seja uma criatura volúvel, de reputação duvidosa. Ou talvez porque seu único proposito na vida seja prosseguir um objetivo, algo que, afinal, ao ser atingido, não mais é vida, mas o princípio da morte .
“Os meus pensamentos foram se afastando de mim, mas chegado a um caminho acolhedor, repilo os tumultuosos pesares e detenho-me, de olhos fechados, enervado num aroma de afastamento que eu próprio fui conservando, na minha pequena luta contra a vida. Só vivi ontem. Ele tem agora essa nudez à espera do que deseja, selo provisório que nos vai envelhecendo sem amor. O Ontem é uma árvore de longas ramagens, e estou estendido à sua sombra, recordando.
De súbito, contemplo, surpreendido, longas caravanas de caminhantes que, chegados como eu a este caminho, com os olhos adormecidos na recordação, entoam canções e recordam. E algo me diz que mudaram para se deter, que falaram para se calar, que abriram os olhos atónitos ante a festa das estrelas para os fechar e recordar…
Estendido neste novo caminho, com os olhos ávidos florescidos de afastamento, procuro em vão interceptar o rio do tempo que tremula sobre as minhas atitudes. Mas a água que consigo recolher fica aprisionada nos tanques ocultos do meu coração em que amanhã terão de se submergir as minhas velhas mãos solitárias…” (Nasci Para Nascer.)
março 04, 2012
Dor branca, querendo primeiro compreender, antes de doer abolerada, a dor. Doeria mais tarde, quem sabe, de maneira insensata e ilusória como doem as perdas para sempre perdidas, e portanto irremediáveis, transformadas em memórias iguais pequenos paraísos-perdidos. Que talvez, pensava agora, nem tivessem sido tão paradisíacos assim.
março 02, 2012
março 01, 2012
“Estava só. O cigarro ardia lentamente entre os dedos. Estava só como três anos antes, quando conhecera Paulino Morais. Acabara-se. Era preciso recomeçar. Recomeçar. recomeçar…
Devagar, duas lágrimas brilharam-lhe nos olhos. Oscilaram um momento, suspensas da pálpebra inferior. Depois, caíram. Só duas lágrimas.
A vida não vale mais que duas lágrimas.”
Clarabóia.
” - Decerto. A felicidade real parece bem sórdida em comparação às compensações que se encontram na miséria. E sem dúvida a estabilidade não é tão bom espetáculo quanto a instabilidade. E estar contente nada tem do encanto de uma boa luta contra a desgraça, nada do pitoresco de uma batalha contra a tentação, nem de uma derrota fatal pela paixão ou pela dúvida. A felicidade nunca é grandiosa.”
O Admirável Mundo NovoMas quem precisa de grandiosidade quando se tem paz?
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