Me visitam

julho 11, 2012



  
“(...) como é triste lembrar do bonito que algo ou alguém foram quando esse bonito começa a se deteriorar irremediavelmente.”



Quando percebi que havia um lugar para suas roupas no meu armário, me dei conta de que aquilo era muito mais do que esperávamos que fosse, uma gaveta para meias e, um tipo especial de comida na geladeira deixam qualquer um se sentindo em casa. Minha primeira pergunta foi se finalmente ele achava que aquela era agora sua casa, me respondeu com aquele ar sempre desconfiado de quem não quer marcar território, sempre pronto a te abandonar,  que a casa dele seria sempre onde eu estivesse, que na verdade eu era a sua casa, só se acomodava em mim, só podia andar  nu em mim, entendi de que nudez falava, era a nudez da alma que eu nunca havia experimentado de verdade com alguém.
Ele nunca disse que me amava, naqueles cinco anos juntos nunca uma palavra fez referencia a qualquer tipo de relacionamento que pudéssemos estar tendo, era uma amizade sincera, as vezes doía com tanta sinceridade que existia naquilo, nunca fez  sequer uma declaração, nem flores no dia do aniversário, não sabia quando fazia anos de nosso encontro, mas eu soube com simples gesto de deixar seus sapatos e livros que não podia ser nada menos que o amor, sem todas as correntes que envolvem esse sentimento, sem qualquer cobrança que ele acarreta, sem qualquer medo que ele produz, era amor, genuinamente amor, estava em casa nele, eu sabia.

Um comentário:

Alessandra Knoll Pereira disse...

é bem isso... e ás vezes pior.