Me visitam

junho 27, 2013

Você vai me reconhecer, estarei me movimentando do mesmo jeito que você, a gente se reconhece de imediato no outro, quando percebe que ele também não cabe no próprio corpo, de alguma forma escondemos  uma alma inchada, escorregadia, que balança dentro dessa coisa morta que nos carrega por ai.
Você sabe que eu também não estou aqui, que dentro de mim tem um universo multi colorido, um refugio convidativo que bloqueia a vida, eis minha contradição.
Eu penso que um dia vou acordar e perceber que o tempo passou de repente, e que sentei no meio do caminho, não deixei ele me levar, um dia vou acordar e querer dormir novamente, pra esquecer o breve instante que é a vida, se houver depois ele vem carregado de arrependimentos muito provavelmente, mas ninguém inventou um manual.
Ninguém consegue me convencer que é ruim me proteger, mas sei exatamente a sensação que há em estar em perigo, ninguém pode me dizer quanto estou perdendo quando já perdi tanto resignada, o que pulsa ainda está longe, numa fortaleza, não salva-se-á, mas estará intacto sem rachadoras quando tudo acabar.
De todo jeito não é  de todo mal ser assim, é tenso, mas é calmo, não doí sempre, existe uma ilusão de que tudo vai bem, é preciso ter fé de que esse despertar nunca venha, que não haja depois questionando o que era vida, apropriar-se do nada e dele fazer minha casa.

Tenho as opiniões desmentidas, as crenças mais diversas - É que nunca penso nem falo nem ajo... Pensa, fala, age por mim sempre um sonho qualquer meu em que me encarno no momento. 
Vem a fala e falo-eu-outro. De meu, só sinto uma incapacidade enorme, um vácuo imenso, uma incompetência ante tudo o que é a vida. Não sei os gestos a acto nenhum real. 
Nunca aprendi a existir. 

junho 26, 2013

Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham.

junho 13, 2013

Será preciso optar? Não hesito: quero ser povo.

Um homem do povo não saberia fazer nenhum mal; um nobre não quer nenhum bem e é capaz de grandes malefícios; um, só se forma e se exerce nas coisas úteis; o outro, acrescenta as perniciosas: ali, mostram-se ingenuamente a grosseria e a franqueza; aqui, esconde-se uma seiva maligna e corrompida sob a casca da polidez: o povo não tem espírito e os nobres não têm alma; aquele tem bom fundo e não tem boa aparência; estes só têm aparências e uma simples superfície. Será preciso optar? Não hesito: quero ser povo. 

Jean de La Bruyére, 


Mas afinal o que causa um ódio assim tão grande pelo povo, o comentário infeliz, como qualquer outro que ja foi feito pelo Jabor, a respeito da manifestação pela redução da tarifa de onibus começa exatamente assim, mas o objeto de ódio é a cidade. Eu realmente não consigo entender o medo da impressa , uma impressa manipuladora e detentora de poder tão absurdo no pais, mas que visivelmente treme diante qualquer movimento democrático que demonstre um pensamento critico, acredito que o que se passa na verdade  como conclui o próprio comentarista, é uma imensa ignorância política, é burrice misturada a um rancor sem rumo.
Hoje jornalistas foram feridos, assim como tantas outras pessoas , o que me espanta é que a midia não protege se quer os seus, jornalistas, colegas de profissão, gente que até mesmo está lá a serviço deles, são chamados baderneiros, vândalos e qualquer outro nome que descaracterize o direito constitucional de se manifestar, que tipo baderna pode haver em um impressa livre que tem o direito de transmitir a prisão de estudantes, de dizer a verdade em relação a atitude brutal assumida pela policia, policia essa que se quer sabe quem está defendo, porque considerando o salario pago a essa policia, deveriam ser os primeiros a  repudiar o aumento de 20 centavos no preço da tarifa de onibus.
Eu devia estar estudando agora, mas não consigo parar de pensar no que acontece no mundo nesse momento, na violência com que tem sido tratado o povo quando se levanta pra lutar, eu não consigo parar de pensar nas imagens que vi hoje no meu país, ontem ainda estava tão longe de casa, eu não consigo entender  gente batendo em gente, sem pensar, sem questionar seus atos, cumprindo seu dever, eu não sei em que momento politico ou histórico estamos,  não sei que direção tomar.
A impressa livre que foi conquistada na unha se volta contra a luta, as informações completamente manipuladas me fazem ver, quanto tempo de alienação foi necessária pra que para nos transformar em cordeiros resignados, que não gritam no abate, confesso que não sei se temo a repressão do Estado que tenta esmagar com força bruta a manifestação popular ou se me encho de esperança diante de uma levante dos movimentos sociais, diante de uma gente que não precisa de vinte centavos, mas que sai na rua pra garantir que quem precisa não seja lesado, porque a imbecilidade maior no ponto de vista do Jabor é a de acreditar que o pão e circo cegariam pra sempre essa gente sem ideais, é acreditar que a luta politica ali é mera questão de siglas partidárias, a questão é politica sim, mas sinceramente acredito que seja contra esse sistema econômico engolidor de sonhos e fazedor de maquinas que consomem.

junho 12, 2013

eu entrei lá sabendo o que iria acontecer, não que eu não precisasse realmente de ajuda, mas a motivação maior era a curiosidade, a possibilidade de um encontro como meu desejo. Eu estraguei as coisas para o acaso, ele não será piedoso diante disso, adiantei o tempo pra nós, que com certeza ja estivemos muitas vezes nos mesmos lugares, dividimos os mesmos amigos, esbarramos pela rua nos desculpando sem olhar direito, o acaso demorou eu me adiantei, agora estou só diante do nosso destino.
Como poderia dizer que não podemos seguir se não quero ir embora.



Não existe nada mais estranho e espinhoso do que a relação entre pessoas que só se conhecem de vista - que diariamente, mesmo hora a hora, se encontram, se observam e que têm assim de manter, sem cumprimentos e sem palavras, a aparência de desconhecimento indiferente, devido ao rigor dos costumes ou a caprichos pessoais. Entre elas existe inquietação e curiosidade exacerbada, a histeria da necessidade insatisfeita, anormalmente recalcada, de conhecimento e comunicação e sobretudo também uma forma de consideração tensa. Pois o ser humano ama e respeita o outro ser humano enquanto não está em posição de o julgar e o desejo é produto de um conhecimento insuficiente.