Me visitam

maio 23, 2012

Foi necessário viver
E eu vivi
Mas nunca descobri
Se essa vida existe
Ou se essa gente é que insiste
Em dizer que é triste ou que é feliz
Vendo a vida passar

maio 21, 2012

"Ainda há pouco tinha sol. Sem que eu diga uma palavra, a cortina cai e a noite domina. Ainda bem que as pessoas que a gente gosta aparecem em sonhos. Não posso acreditar que algum dia venha a alcançar um ponto onde eu esteja livre de sentir. Porque neste dia, estarei morta. Encontre-me no portão da frente de sua vida. Tem meu nome pendurado. Te desabotôo coração, para que você fique todo exposto. As lágrimas aqui caem dobradas. Porque onde quer que exista o amor, ele brilhará de alguma forma. Então acredito. Não faço idéia da hora que você vai chegar. Pode até ser de madrugada, como da última vez. Vou esperá-lo. Quero ficar acordada para não perder o momento. Eu tenho luz suficiente para manter a chama acesa."

maio 10, 2012

Acontece com a distância o mesmo que acontece com o futuro: um todo imenso, e como que envolvido por uma neblina, estende-se diante da nossa alma; nosso coração ali mergulha e se perde, da mesma forma que nossos olhos, e ardentemente aspiramos a nos abandonar por completo, deixando-nos impregnar de um sentimento único, sublime, delicioso… No entanto, pobres de nós, quando lá chegamos e vemos que nada mudou: encontramo-nos tão pobres, tão limitados como antes, e nossa alma suspira pela felicidade que lhe fugiu.

maio 08, 2012

Ruína

Um monge descabelado me disse no caminho: “Eu queria construir uma ruína. Embora eu saiba que ruína é uma desconstrução. Minha ideia era de fazer alguma coisa ao jeito de tapera. Alguma coisa que servisse para abrigar o abandono, como as taperas abrigam. Porque o abandono pode não ser apenas de um homem debaixo da ponte, mas pode ser também de um gato no beco ou de uma criança presa num cubículo. O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo de uma palavra. Uma palavra que esteja sem ninguém dentro. (O olho do monge estava perto de ser um canto.) Continuou: digamos a palavra AMOR. A palavra amor está quase vazia. Não tem gente dentro dela. Queria construir uma ruína para a palavra amor. Talvez ela renascesse das ruínas, como o lírio pode nascer de um monturo”. E o monge se calou descabelado.

maio 04, 2012

Eu morri muitas vezes acreditando e esperando, esperando em um quarto olhando para o teto rachado, esperando por um telefonema, uma carta, uma batida na porta, um som. Andando selvagemente por dentro de mim enquanto ela dançava com estranhos em casas noturnas.

maio 03, 2012

 "Fiquei me perguntando se o espaço que uma pessoa ocupa no mundo sobrevive à própria pessoa. Se o palco fica ali armado ainda por um certo tempo, o cenário pronto, a deixa repetida várias vezes, aguardando que a pessoa venha mais uma vez desempenhar-se. E só aos poucos as conexões vão se desfazendo, os fios vão se rompendo, as luzes vão se apagando, a pessoa vai morrendo devagar para o mundo depois de ter morrido para si mesma. Se existem duas mortes, uma íntima e individual, uma outra pública e coletiva, duas mortes que operam em ritmos diferentes."





O corpo tem necessidades que a alma não suporta, a gente faz coisas que não está moralmente preparado, para suprir tais necessidades, quando tento romper com essas barreiras acabo sangrando. Minha alma cheia de certezas se achava desprendida e liberta, mas não suporta um palavra dura, uma verdade crua, minha alma bailarina só acredita na musica, não julgo a vida alheia mas minha alma priva meu corpo da sua natureza.
Tento me enganar, fingir que essa solidão tem a ver com as novas configurações da sociedade, tento me convencer  que me falta tempo, mas é mentira, eu quero uma coisa vinda de outras vidas, ou pelo menos alguém que tenha lido os mesmos livros que eu, quero o frio na barriga, coração acelerado, quero reciprocidade, não dá mais para aturar a realidade vazia.
Não posso negar minha natureza animal, não posso abrir mão de agir por impulso, mas tem coisas que não andam pra mim se não forem  sensoriais, se não fizerem parte da ilusão que criei, se não tiver cores. O tempo vai passar e um dia quem sabe eu descubra a verdade, quem sabe o arrependimento me tome, eu veja de longe que passaram por mim criaturas que me fariam mais feliz do eu pensei que seria dispensando suas companhias, um dia quem sabe a solidão me obrigue a abrir mão dos meus ideais, eu perceba que eles não fariam tanta diferença  quanto eu pensava e ai será tarde demais.
A gente tem obsessões por coisas que rejeita, a gente enlouquece sozinho em casa quando ninguém vê, somos odiados por nossos nãos, somos julgado pelos sim, ninguém conhece nossos segredos, mas o que mais doi em tudo isso e saber que não aceitamos a nos mesmos, que quando olhamos no espelho somos os primeiros nos ferir, é preciso harmonizar o corpo e alma, e dançar conforme a musica